Quinta edição dos Cursos de Formação em Direitos Humanos iniciada em 24 de setembro de 2025
- IJHF AL
- 5 de out.
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O Programa Marielle Franco, desenvolvido pelo Instituto Joaquín Herrera Flores (IHF) em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos de Maricá (SDH), deu início a Formação em Direitos Humanos, edição do segundo semestre de 2025 – a quinta edição desde o início do Programa. São dois cursos, um para servidores e servidoras do município, no turno da manhã (9h às 12h); e outro para a sociedade civil, à tarde (14h às 17h). Ambos os cursos compartilharam o mesmo conteúdo, dinâmicas e reflexões, garantindo a uniformidade do ensino, a consistência metodológica e a equidade no acesso ao conhecimento para os diferentes públicos.
A abertura foi marcada pela apresentação das equipes de apoio e suporte do espaço, coordenada pela Luana Andrade, que repassou informações administrativas, como controle de frequência, uso do espaço e biblioteca, e regras de convivência; e da equipe acadêmica, responsável pela coordenação do Marielle Franco, destacou que o Programa tem uma linha de formação (cursos, seminários, cartilhas, semana dos direitos humanos) é uma linha de pesquisa (para o sistema de indicadores em direitos humanos para o Município de Maricá).
O professor Manuel Gándara apresentou os objetivos gerais do Programa, que incluem a educação em direitos humanos a partir de uma perspectiva crítica e popular, valorizando a participação ativa e o diálogo respeitoso entre os participantes.

A abertura contou ainda com a presença do secretário de Direitos Humanos de Maricá, João Carlos de Lima “Birigu”, que deu boas-vindas aos cursistas, reforçou os objetivos do Programa, enfatizando a construção da cidadania por meio da educação popular e contextualizando os avanços e desafios do município, reafirmando a responsabilidade dos servidores públicos.
O professor Manuel Gándara Carballido – filósofo, venezuelano e professor da UFRJ – iniciou a aula sobre Direitos Humanos e Pensamento Crítico lançando uma pergunta provocadora: “o que é crítica?”. A partir das respostas dos cursistas, que incluíam ideias como “um olhar além do senso comum”, “argumentação com objetivo de transformar a realidade” e “análise de causas e consequências”, o professor desenvolveu a reflexão central, na qual a primeira tarefa do pensamento crítico é a crítica do próprio pensamento, questionando o que foi naturalizado e normalizado. Destacou que o pensamento crítico é uma leitura complexa e não linear da realidade, que ultrapassa o senso comum e o pensamento tradicional, para questionar as estruturas sociais, políticas e ideológicas internalizadas, como o capitalismo, o patriarcado e o racismo. E enfatizou que não há neutralidade nas discussões e que todas as pessoas devem ser respeitadas; mas nem todas as ideias. O que estabelece um ambiente de debate respeitoso e produtivo.

Também foi destacada a importância da autocrítica no pensamento, para que as pessoas reconheçam suas próprias limitações e filtros ideológicos na interpretação da realidade, ressaltando a importância da honestidade intelectual, assumindo a ausência de neutralidade e identificando de onde partem os próprios pensamentos. A reflexão incluiu um debate sobre a marginalização dos que não se encaixam nos padrões dominantes e uma referência à obra Vigiar e Punir, de Michel Foucault, para exemplificar como o poder se mantém com vigilância, punição e proibição. Um debate rico que culminou na ideia de que “onde existe poder, existe resistência”.
A avalição dos cursistas sobre a primeira aula dos cursos foi bastante positiva e demonstrou entusiasmo. A iniciativa do curso foi destacada como um “passo muito importante para a construção de uma sociedade mais ativa, mais instruída e mais justa”.
Direitos Humanos e luta antipatriarcal na próxima aula
Os Cursos de Formação em Direitos Humanos são constituídos por dez encontros, cada um deles apresentado por um especialista do tema. Na próxima quarta-feira, 1º de outubro, a professora Lusmarina Campos Garcia apresentará o tema “Direitos Humanos e Luta Antipatriarcal: a luta pelo direito das mulheres”.

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